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SENTINDO-SE DIFERENTE

          As mulheres de hoje não são tão diferentes das mulheres de todas as épocas da humanidade, pois continuam ainda agora a sonhar com um príncipe encantado que possa resgatá-las da solidão e do tédio para uma vida plena de felicidade e amor. Desde meninas aprendem a imaginar um homem perfeito, atraente, educado e sedutor capaz de protegê-las de todas as maldades do mundo. Crescem pouco a pouco reparando nos vários modelos de relacionamentos que a sociedade apresenta nos filmes, nas novelas e nos capítulos da vida real. E quando se tornam adolescentes passam a sentir atração pelos rapazes mais bonitos, pelos colegas que tiram as melhores notas, pelos vizinhos mais ricos e perfumados, pelos caras que têm o sorriso mais lindo, os olhos mais penetrantes e os beijos mais deliciosos que qualquer outro possa oferecer. E assim embarcam em namoros sérios desde muito cedo sem ter noção de tudo o que possam vir a encontrar ao longo dessa caminhada a dois.

          Muitas se casam ou simplesmente vão morar junto com seus amados a fim de ter uma família e sair da dependência dos pais. O tempo vai passando e logo chegam os filhos para unir ainda mais o casal, estreitando os laços familiares e servindo de exemplo para amigos e conhecidos. No entanto, com o decorrer dos anos, muitas coisas vão mudando. É muito mais comum do que se pensa o homem passar a relaxar com os deveres matrimoniais, evitando uma aproximação maior da sua companheira que o busca em vão. Esse é um dos sinais de que as coisas não vão bem e a tendência é piorar ainda mais. Se ela tiver uma auto-estima baixa, começará a se olhar no espelho para ver se encontra aonde está o seu defeito e aonde foi que errou , podendo até entrar em uma profunda crise depressiva. Se ela for mais confiante e segura de si, pensará em três possibilidades: Uma traição, uma doença que ele não quer revelar ou algum problema de natureza psicológica.

          Quando o relacionamento chega nesse ponto, é necessário que ela passe a observá-lo melhor para entender o cálculo dessa matemática sentimental e localizar a solução correta para esse problema em questão.

Existem várias fórmulas para se analisar essa situação. Se paralelamente a diminuição da libido, o cara passa a ficar mais tempo na frente do espelho experimentando roupas ou em cima da balança conferindo se o peso foi alterado nas últimas semanas; se reclama muito que a casa está suja e a comida não presta; se anda muito estourado, com o pavio curto e cheio de melindres; se não tem conseguido dormir; se está com compulsão para comer e comprar tudo o que vê pela frente; se não está se sentindo bem mas não faz nada para melhorar o ânimo; se evita o diálogo e está sempre driblando a companheira na cama, nem sempre é indício de que ele possa ter algum envolvimento extra-conjugal. É preciso que a mulher tenha a coragem suficiente para abrir o armário e, sem ideias pré-concebidas, ver o que realmente tem em casa. Não é através dos gestos ou da voz que se identifica o problema. O maior sinal está nas atitudes.

          Há muitos homens que se sentem deslocados em vários setores da vida mas fazem todo o possível para não deixar transparecer esse mal-estar com medo da reprovação alheia. Às vezes, eles não têm mesmo noção nenhuma do que está acontecendo e somente os outros percebem ou desconfiam que algo não está bem. Mas, na grande maioria, eles sabem muito bem o que é mas jamais admitirão isso em público. Cabe a companheira, nessas circunstâncias, buscá-lo para uma conversa franca e oferecer ajuda. Não é de críticas que ele precisa. Ele espera compreensão, apesar de não pedir nada nesse sentido. E ela merece uma explicação plausível para, pelo menos, não ficar frustrada diante de tantas rejeições por parte do mesmo. Nesses relacionamentos, o sentimento prevalece mas não é compatível com a verdadeira natureza do homem. Por isso, ele se sente dividido entre a sua família e o que realmente ele é e deseja. Por um lado, não quer perder o que construiu mas, por outro, não consegue ser feliz nem ter paz dessa maneira.

          A mulher passa a perceber que o universo masculino é muito mais amplo do que se imagina e que o homem perfeito não existe. O que ela quer e precisa não é o tipo mais lindo e charmoso que possa existir; não é o que abre a porta para ela passar; não é o que se oferece para carregar as suas compras; não é o que se lembra de ligar para saber como ela está; não é o que manda flores e se recorda das datas mais especiais; não é o que sussurra poesias ao seu ouvido; não é o que abre mão do jogo na TV ou a rodada de cerveja com os amigos para ficar com ela no aconchego do lar; não é o que fala com doçura nem o que a olha com ternura. Esse tipo é o que mais provavelmente poderá vir a causar grandes decepções. Nem sempre o homem perfeito aparentemente será capaz de proporcionar à mulher uma vida cheia de amor e plena de tranquilidade.

                                      

 

                                              Elisabeth Souza Ferreira

   COMO ABRIR O ARMÁRIO

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          Não é fácil sentir atração, amor, paixão ou sabe-se lá o que mais por uma pessoa do mesmo sexo.  No início é quase impossível declarar abertamente o sentimento que vem surgindo, crescendo e brilhando à medida em que o ser que ama se encontra com o ser amado sem antes conhecer bem o terreno em que está pisando, sob pena de passar por ridículo, alvo de chacota pública, agressões, ódio ou compaixão por parte de terceiros que não entendem a complexidade das relações humanas. As pessoas de fora ainda encaram os relacionamentos que fogem aos padrões convencionais como uma doença ou opção. Pensam que as pessoas que agem dessa forma estão simplesmente forçando a natureza para serem o que não são. O que não é verdade. As pessoas são como são e não do jeito que os outros gostariam que elas fossem.  Sendo assim, nada poderá ser feito para mudar tal situação. Não existe religião, medicamento, tratamento de choque, internação, diálogo ou o diabo a quatro que possa reverter essa condição. Existem muitos pretensos seres que prometem milagres nessas circunstâncias mas essa possibilidade está descartada. A única coisa que pode fazer  com que um homossexual deixe de sofrer é a própria aceitação como tal.  A pessoa humana precisa se conhecer – o auto-conhecimento é o primeiro passo. A aceitação é o segundo. E o terceiro é se amar a si mesmo.

          O medo e a confusão de sentimentos são normais. São obstáculos que estão a frente de todos os que se sentem diferentes. São pedras que precisam ser removidas. A insegurança causada pelos transtornos mentais (sou, não sou) é uma verdadeira guerra interior que todos têm que travar consigo mesmos. Pouco a pouco, ela poderá ser substituída por uma segurança inabalável, pela paz e tranquilidade de quem ascendeu ao pico mais alto da compreensão íntima depois de vencer a dor inerente a todos que ainda não se descobriram. Pode levar muito tempo para a pessoa se conscientizar da sua orientação sexual. É preciso silenciar e ouvir o que o seu coração tem a dizer – por quem ele bate mais forte – para que lado se sente mais inclinado – o que mais gosta de fazer. As respostas para todos os questionamentos íntimos estão a sua frente, saltando aos seus olhos. Só não verá se não quiser. Demore o tempo que tiver que demorar, todo homossexual sabe desde a mais tenra infância que é diferente dos modelos que lhe são apresentados pelo mundo no dia-a-dia. A solução para esse problema está guardada nas dobrinhas da sua consciência. Portanto, já que essa não é uma tarefa fácil, deixar cair a ficha e se assumir para si mesmo é o primeiro passo. Não há necessidade de sair gritando às ruas para todos ouvirem. É importante que cada um se preserve , se resguarde. Não é preciso fazer de cara com que os outros saibam da sua vida particular que é tão sagrada quanto a de qualquer outro indivíduo. É bom ir com calma, procurando se conhecer cada vez mais. Assumir em público a sua homossexualidade é a última etapa. Deixe para fazer isso quando estiver seguro e feliz, amando e sendo amado.  De preferência, una-se a alguém que seja igual a você. Deve ter muita cautela porque há muitos heterossexuais  que se aproximam dos homossexuais para matar a curiosidade, para ter novas sensações na vida, como uma fonte diferente de prazer.

          É raro ver alguém que ama de verdade, que se entrega com paixão, que está presente na sua totalidade, que tem sentimentos verdadeiros e não sabe fingir num relacionamento. E é quando brota o amor que essa natureza mais nobre e evoluída explode e se revela na forma de um grande talento. O homossexual possui uma alma cheia de arte. Dizem que não tem nada a ver mas, o segredo do sucesso está na sensibilidade fora do comum. Essa sensibilidade já nasce com ele e o orienta a calar, a esconder, a cobrir e proteger a sua inclinação desde pequenino.

          E é um longo caminho – há muito sofrimento antes de encontrar a paz tão desejada. O principal é aprender a ser você mesmo. Aceite-se!

Elisabeth Souza Ferreira

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