
O INESPERADO
Certo dia, minha mãe percebeu algo estranho em sua mama direita. Pequeno, fininho e no formato de um grão de arroz deitado na parte inferior da mesma. Fez questão que eu colocasse o meu dedo sobre sua pele para ver se eu notava aquela presença estranha. Não doía mas era evidente que devia incomodá-la. Procurou imediatamente um médico. E outro. E, mais uma outra. Estava assustada mas, ao mesmo tempo, não estava disposta a se submeter a nenhum tipo de cirurgia. Alegou que não havia necessidade de se operar. Que os médicos teriam dito que aquilo não era nada grave e que não se preocupasse pois era comum na sua idade. O tempo foi passando e o grãozinho parecia não ter aumentado de tamanho.
Antes de sairmos para uma festa, ela havia usado um desodorante roll-on e notara algo duro em uma de suas axilas. Ficou preocupada e comentou comigo quando retornamos para casa. Marquei uma consulta no dia seguinte e a levei para um exame mais minucioso. A médica ficou apavorada. Pediu uma série de exames e me falou que, no máximo, dentro de uma semana, realizaria a cirurgia para a extração do que, provavelmente, seria um câncer na mama com metástase em baixo do braço. Realizados os exames, foi comprovada a existência de um tumor de grau 3 que precisou ser removido. O médico que a operou, indicou apenas Radioterapia que, na época, não havia em Passo Fundo. Somente na capital e em Erechim que ofereciam esse tipo de tratamento. Fez tudo direitinho e pouco a pouco, sua vida parecia voltar ao normal. Um ano se passou. Minha mãe engordou bastante. Estava tendo acompanhamento médico. Mas, mesmo assim, apareceu uma metástase em seu fígado. O médico, então, recomendou a Quimioterapia para combater esse mal. Daí, já era muito tarde. Ela teve muita força e coragem, além da esperança e fé para se tratar. Muitos meses de sofrimento que culminaram no aparecimento da barriga d’água e o declínio de sua saúde em geral. Há dez anos ela se foi. E, às vezes, eu me questiono se tudo não poderia ter sido diferente. Analisando os últimos anos de sua vida, percebo alguns erros que poderiam ter sido evitados. Em primeiro lugar, minha mãe demorou um ano para fazer a remoção do câncer.
Quando surge qualquer coisa nas mamas, a mulher deve ir imediatamente ao médico, fazer os exames necessários e se operar. Não tem que ter medo da cirurgia. Tem que haver medo é do câncer que mata impiedosamente. Todo procedimento feito no início tem grandes chances de cura. Em segundo lugar, a mulher deve insistir com seu médico para fazer a Quimioterapia. Radioterapia é depois. Não importa se vai cair o cabelo. Existem perucas à venda e para locação em lugares especializados. A vida é mais importante. Não adianta ficar bonita e não ter saúde. Em terceiro lugar, o médico liberou a minha mãe para comer de tudo. E ela engordou muito.
Quando a pessoa passa por esse tratamento bombástico faz de tudo para ficar mais forte e acaba não controlando o peso, e a gordura predispõe o organismo para o retorno do cancro. Eu aconselho, nesses casos, a evitar o consumo das carnes vermelhas pois têm grande quantidade de hormônio que favorece o aparecimento do câncer. Outro aspecto que deve ser levado em consideração: A maioria das pessoas que tiveram câncer de mama e se curaram, das quais eu tenho conhecimento, extraíram a mama inteira e não apenas um quadrante. A minha mãe tirou apenas a parte afetada e o resto não foi mexido. E ela não sobreviveu. Por isso, eu recomendo que, é preferível tirar toda a mama e colocar silicone. As novas próteses não precisam mais ser trocadas como antigamente. E, uma informação que eu não tive mas que fiquei sabendo algum tempo depois que a minha mãe já tinha falecido e que poderia ter prolongado a sua vida é a existência da Medicina Ortomolecular que, ao invés de enfraquecer o paciente com Quimioterapia, faz um tratamento para fortificar o organismo da pessoa doente.
Duas mulheres com câncer aqui em Passo Fundo prolongaram as suas vidas em cinco anos com esse tratamento ortomolecular. Uma delas teve câncer de fígado e a outra, câncer nos ossos. E ambas eram mães de duas bioquímicas da região. Estou contando isso porque essas informações podem ser muito úteis e ajudar alguém que esteja passando pela mesma situação que eu já passei ao cuidar da minha mãe doente. Muitos erros poderiam ter sido evitados. Se eu puder contribuir para alertar uma única pessoa que seja, já terei feito a minha parte. Estamos no mundo para trocarmos as nossas experiências pois sem elas, a vida não faz o menor sentido.
Elisabeth Souza Ferreira